O meu não-talento para a cozinha
generaliza-se para todas as tarefas domésticas. Não é que não as faça ou que
não saiba fazer, é mais uma questão de não ter, como se diz em bom ribatejano, pachorra. Não gosto de andar a limpar
pó, dobrar roupa e lavar tachos. Chateia-me. Mas como ter um canudo não faz de
mim rica (com muita pena minha, mas enfim) tenho de me aguentar à bronca – não sei se será ribatejano ou apenas calão.
Vivo na Casa das Princesas, isto é, quando estou na capital vivo com as minhas
amigas Jé e Rá, mais precisamente Jéssica e Raissa. Temos uma casa de bonecas,
pequena e amorosa, com direito a todas as pirosices que uma casa de meninas
merece. Mas lá por ser a Casa das Princesas não quer dizer que seja um conto de
fadas. As três Rapunzeles largam cabelo como se fossem o Sullivan dos Monstros e Companhia. E, como tal,
existe um calendário no frigorífico a destinar quem é a Gata Borralheira da
semana.
Esta semana calhou-me a mim.
Preparei-me psicologicamente para o acontecimento. Pus a minhas luvas de
borracha. Peguei no pano do pó, no aspirador e na esfregona. E fiz-me à vida.
Limpei a cozinha, arrumei a loiça, fiz uma máquina com tapetes, outra com mantas
e panos, espirrei, aspirei o chão de todas as divisões, estendi os tapetes, fiz
a cama, espirrei, lavei o chão, troquei as toalhas, despejei o lixo, espirrei,
sentei-me no sofá, deixei o chão secar, coloquei as coisas no sítio, espirrei.
Se calhar não sou apenas alérgica
a ácaros, mas também a limpezas. É uma boa desculpa, han?
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