segunda-feira, 29 de setembro de 2014

#acrise

Não, não vou bater na mesma tecla. Vou só contar uma piada curta e concisa. No outro dia, algures na semana passada numa aula de Jornalismo Cultural estávamos a analisar obras de arte contemporânea. A turma foi dividida em grupos e blá blá blá e a Professora disse que uma das obras - salvo erro alemã - podia transmitir uma mensagem de crise. Afirmação à qual a Marta que estava ao meu lado responde:

- Então? Mas o que é isso a roubarem-nos a crise? A crise é nossa!

Provavelmente quem lê isto não se ri, mas teve muita piada. Diria mesmo "buéde" piada!

Fotografia: Inês CR

domingo, 21 de setembro de 2014

#aidadetudotraz

Esta semana cheguei, muito descansada, à paragem do autocarro perto das Amoreiras e reparei que faltavam imensos minutos para o autocarro chegar. Limitei-me a esperar, também não havia grande coisa a fazer. Uns segundos depois chegou uma senhora que aparentava ter 80 anos. A andar devagarinho, muito curvada, com o cabelo branco curto e uns óculos redondos. Veio para o mesmo canto da paragem que eu, com uma malinha de mão, e mal olhou para o contador dos minutos perguntou:

- O quê? Faltam estes minutos todos?

E eu respondi.

- Sim, é verdade. Está demorado...

A senhora começou a comentar o mau tempo, os atrasos dos transportes e outras coisas da vida e eu continuei a responder-lhe. As restantes pessoas que estavam na paragem olhavam, mas ninguém se meteu na conversa. Passados uns dez minutos chegou outra senhora que vem ter com a primeira e diz-lhe muito alto:

- Então? Como é que está?

E a senhora responde:

- Oh Manuela! Está boa? Também veio ao centro comercial? Não a vi lá dentro.

E a segunda senhora, que entretanto percebi que se chamava Manuela, responde novamente muito alto enquanto gesticula:

- Não! Hoje não fui ali. Vim tratar de uns assuntos... Então as nossas netas vão ser colegas!

A primeira:

- Ah sim, a minha neta foi para França. Arranjou lá trabalho.

A Manuela:

- Não, a neta mais nova é que é colega da minha neta no ISCTE. A sua neta não estuda lá?

A primeira senhora responde:

- Ela arranjou dois contratos e disse "oh avó lá é que ganho dinheiro, cá não há nada."

E a Manuela:

- Oh senhora estou a falar da segunda neta (enquanto fazia dois com os dedos), a outra neta. Não está a perceber nada.

E a senhora vira-se para mim e diz:

- É que sabe, eu sou surda. 

A Manuela limitou-se a desistir e quando o autocarro chegou acenou com muita alegria para a senhora. Eu continuei lá à espera, assim como a senhora com problemas de audição, enquanto pensava com os meus botões "estive a conversar dez minutos com esta senhora e ela não ouviu nada do que eu disse". Depois ela voltou a conversar comigo e pensei "então e agora? Falo ou digo que sim e sorrio?" Optei pela segunda hipótese, porque dissesse o que dissesse a senhora não ia ouvir nada...

Fotografia: Inês CR

terça-feira, 16 de setembro de 2014

#queroterumaempregadadoméstica

Eis o meu dia: Acordei, abri a janela para o quarto apanhar ar, fui para a cozinha. Tentei abrir as gavetas do congelador e a minha (cada uma das princesas aqui de casa tem uma) estava totalmente congelada, impossível de abrir. Dei umas pancadinhas, tentei, pus um pano com água quente, tentei novamente e nada! Fui tomar o pequeno almoço enquanto deixei a porta aberta na esperança de descongelar, voltei e nada. Tirei as duas gavetas de baixo, limpei-me de uma ponta à outra. Esperei mais um pouco, tentei e nada. "Chafurdei" o chão todo, levei com gelo em cima e sujei panos e mais panos. Pensei desistir, mas não. Tentei pela milésima vez e consegui. Desistir é para fracos, não para donas de casa principiantes. Lá limpei a minha gaveta, mas o iceberg manteve-me hirte e firma, como tal as minhas coisas encontram-se num alguidar à espera que, aquela coisa capaz de mandar ao fundo outro Titanic, caia. 

Isto foi apenas o início. Fui fazer a caminhada do dia no intervalo desta chuva manhosa e regressei em força para um dia de avental. Peguei no saco das compras e lá fui eu para o Minipreço (deviam-me começar a patrocinar) comprar ovos, iogurtes, gelatinas e pão - não era preciso dizer isto, mas gosto de partilhar tudo. Cheguei, arrumei as compras, o saco, deitei fora o talão e olhei para a varanda onde se encontra o frigorífico cheia de tapetes e panos. Peguei em tudo e pus na máquina de lavar. Comecei a lavar a loiça que estava à minha espera, pus ovos a cozer e fui tomar um duche rápido. 

Depois sentei-me no sofá e descontraí... Mentira! Fui fazer um almoço. Preparei um peixe no forno com legumes e ovos. Ficou muito bom (modéstia à parte). Voltei a lavar a loiça, almocei e aí sim sentei-me no sofá. Levantei-me para ir à cozinha, a máquina da roupa já tinha terminado. Toca de estender os panos e os tapetes que tinham remediado o dilúvio de gelo. "Ugasse" que isto custa...

Agora vim escrever, mas já estou a pensar na quantidade de roupa que tenho para passar a ferro. Faço o esforço ou visto leggins e camisolas de aldogão?

Fotografia: Inês CR

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

#depilação

Acabei de sair da depilação. Só de pensar já estou arrepiada e a franzir os olhos de dor. Por que é que nascemos com pêlos? Porquê? Quem é o responsável de tamanha injustiça? Não me posso queixar muito porque sou aloirada e não tenho muitos. Mas isso não me retira a dor e o sofrimento.

Entrei no gabinete e cheirava tão bem que, por momentos, até pensei que ia ter uma experiência agradável. Porém, a ideia não podia ser mais estúpida. Cera quente que arranca pêlos nunca é uma experiência agradável. A senhora começou a deslizar com a sua espátula carregada de cera pela minha perna, pegou numa tira de papel e zás! São uns segundos de sofrimento difíceis de esquecer...

Para piorar a situação a senhora não conversou comigo. É muito melhor quando se está ali a tagarelar, parece que não dói tanto. Eu bem que tentei falar deste tempo que não me deixa ir à praia, mas não resultou. Ainda esperei que, no final, tivesse direito a uma massagem com aqueles cremes maravilhosos, mas fui ao sítio mais barato que encontrei em Lisboa, por isso não posso pedir tanto. 

Agora tenho a pele de um bebé e vou rezar as santinhos dos pêlos (se é que existem) para que não cresçam tão brevemente. 

Fotografia: Inês CR

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

#oapocalipse

Sandálias, chinelos, sabrinas, ténis, stilettos, botas, galochas. Hoje era venha o diabo e escolha! Via-se um pouco de tudo. A indecisão transformou-se no caos e o São Pedro continuou zangado. Foram trovões, muita chuva, nuvens negras. Foram poças, lama, sujidade. Foi uma molha, um chapéu partido, um calor húmido esquisito. 

Este foi o cenário que reinou esta manhã em Lisboa. Acordei, olhei para a janela e vi as sombrinhas a invadirem as ruas. Saí de casa com botas e camisa, sem saber se havia de ter frio ou calor. Esperei pelo autocarro. Ele veio tipo lata de sardinhas e pensei "vai ter de ser". Entrei, comecei a soar por poros que desconhecia. Levei com chapéus de chuva, cotoveladas e o péssimo hálito da senhora que ia ao pé de mim. Tive vontade de sair daquele meio de transporte público, que escorria humidade nas janelas, e gritar "sou livre!". Depois repensei e conclui que se saísse a chuva me ia comer viva e a minha liberdade lá se ia. Demorei uma hora num percurso que se faz em 20 minutos. Cheguei ao estágio imunda, com vontade de me enfiar numa banheira e passar lá o resto do dia. Só queria sofá, um filme e um chá. Só queria arrancar as botas dos pés e descalçar as meias que se enfiavam nos dedos e me deixavam os nervos em franja. 

Só queria o verão. 

Fotografia: Inês CR

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

#cartaaosãopedro

Exmo. São Pedro,

Na semana passada eu e a minha famelga decidimos ir passar o fim-de-semana fora. Mais precisamente, para Alpedrinha, algures na Beira Baixa. Fiquei toda contentinha a pensar em dois dias de descanso, rir à gargalhada e piscina. Até fiz uma lista de coisas para levar, onde coloquei os óculos da natação para poder nadar na piscina de água da serra sem que as lentes de contacto ficassem por lá a boiar. Imaginei-me com um tom de pele acima do típico lixívia e uma pequena despedida do verão 2014 - para o qual não tenho um álbum no Facebook, porque não o tive. Não sei se receberá esta carta, porém achei que a Internet, como mundo onde tudo existe, seria a melhor maneira para comunicar consigo que está aí em cima a controlar isto. Também não sei se já percebeu que depositei toda a minha esperança neste fim-de-semana e a chuva que mandou acompanhada de nuvens negras e vento não foram a melhor opção. Compreendo que esteja zangado com o estado do país, a crise e blá blá blá, mas EU NÃO TENHO A CULPA. Sou uma pobre licenciada que não vê o emprego pelo canudo e que a única coisa que pedia era um pouco de sol e calor. 

Por todas as razões acima explicitadas, peço que ainda mande um solinho cá para baixo. O ano letivo está a começar e os meus pés já se estão a queixar por hoje os ter enfiado numas sabrinas, ao invés das tão adoradas sandálias. Pense nisso!

Obrigada pela atenção.

Os melhores cumprimentos,

Mariana de Almeida




segunda-feira, 1 de setembro de 2014

#segunda-feira

Segunda-feira. O nome não antevê o significado. Parece apenas um dia da semana, o segundo mais precisamente. Mas não. Segunda-feira é o título de um filme de terror, um sinónimo para susto e depressão, um antónimo de felicidade. Segunda-feira é aquele dia que segue o Domingo e que destrói os sorrisos nos rostos de quem trabalha. Segunda-feira é como uma assassina que, com a sua faca cheia de trabalho, stress e cansaço, mata qualquer um que esteja a apreciar o fim-de-semana. Segunda-feira é aquele soco no estômago que se dá quando o lazer termina. É uma mistura de sentimentos negativos, que se exprimem num desejo eterno de que passe rápido. Segunda-feira é hoje. E voltará na próxima semana. E na outra. E nunca mais se esgotará. 

Restam as imagens na página inicial do Facebook a dizer "I hate mondays" para comprovar que, este dia que faz parte de todas as semanas sem exceção, nunca nos irá deixar em paz.