quarta-feira, 10 de setembro de 2014

#oapocalipse

Sandálias, chinelos, sabrinas, ténis, stilettos, botas, galochas. Hoje era venha o diabo e escolha! Via-se um pouco de tudo. A indecisão transformou-se no caos e o São Pedro continuou zangado. Foram trovões, muita chuva, nuvens negras. Foram poças, lama, sujidade. Foi uma molha, um chapéu partido, um calor húmido esquisito. 

Este foi o cenário que reinou esta manhã em Lisboa. Acordei, olhei para a janela e vi as sombrinhas a invadirem as ruas. Saí de casa com botas e camisa, sem saber se havia de ter frio ou calor. Esperei pelo autocarro. Ele veio tipo lata de sardinhas e pensei "vai ter de ser". Entrei, comecei a soar por poros que desconhecia. Levei com chapéus de chuva, cotoveladas e o péssimo hálito da senhora que ia ao pé de mim. Tive vontade de sair daquele meio de transporte público, que escorria humidade nas janelas, e gritar "sou livre!". Depois repensei e conclui que se saísse a chuva me ia comer viva e a minha liberdade lá se ia. Demorei uma hora num percurso que se faz em 20 minutos. Cheguei ao estágio imunda, com vontade de me enfiar numa banheira e passar lá o resto do dia. Só queria sofá, um filme e um chá. Só queria arrancar as botas dos pés e descalçar as meias que se enfiavam nos dedos e me deixavam os nervos em franja. 

Só queria o verão. 

Fotografia: Inês CR

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