No outro dia (quando faço
referências temporais com esta expressão pode significar que já passaram cinco
anos, só para que conste) estava cheia de fome (algo que é muitíssimo raro
na minha vida) então decidi parar no Pingo Doce para comprar qualquer coisita
(ir ao Pingo Doce é raro, a música deles irrita-me, mas era o que estava mais à
mão). E “comprar qualquer coisita” não é bem assim, é mais comprar qualquer
coisa que me deixasse satisfeita, de barriguinha cheia. Nalguns destes
supermercados (não vou repetir o nome porque ninguém me pagou) existe um espaço
tipo pastelaria com delícias altamente calóricas e prontas para levar.
Perguntei à senhora se um dos croissants de brioche era simples (dizem que
engordam menos que os folhados como se alguém que come croissants estivesse a
pensar em calorias). A senhora respondeu que sim, existiam outros ao lado de
chocolate mas aquele era simples. Como a minha consciência de vez em quando
pesa (muito raramente) levei o simples. Pensei “cinco minutos na boca, cinco
anos no corpo” e dirigi-me à caixa com o meu croissant de brioche simples.
Fui para o Metro, entrei no Metro
e, ainda o Metro não tinha começado a andar, ataquei ferozmente aquele que era um
croissant muito desejado. Tirei um lenço para não parecer uma esfomeada e não
ficar com um bocado de croissant no canto da boca enquanto outras pessoas
entravam e saiam da carruagem, comecei a mastigar e senti um sabor diferente.
Reparo melhor e vejo um creme amarelo dentro do croissant. Cai-me um bocado de
baba e concluo “afinal tem doce de ovos!”. Houve fogo-de-artifício, estrelas
cadentes e aplausos. Houve alegria, felicidade e uma explosão de sabores. Houve
um “huuuum”, um “que bom” e um contentamento indescritível. Foram uns quantos
segundos de regalo, uma satisfação por menos de 60 cêntimos. Depois acabou.
Regressei à realidade. Pensei “a senhora do Pingo Doce enganou-me”. E fui para
casa.
P.S.: Obrigada senhora do Pingo Doce, tornou o meu dia mais feliz.
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