quinta-feira, 12 de março de 2015

#odesaparecimento

Foi, sem dúvida, misterioso este desaparecimento. Acordei e senti o fresco dos lençóis no meu pé direito. A minha meia tinha desaparecido como o dinheiro desaparece da carteira dos tugas. 

Ainda na escuridão deslizei o pé frio e desconsolado pelos lençóis gélidos, na esperança de me cruzar com esta vítima de roubo. Nada aconteceu. Empurrei o edredom e o lençol de cima, branco com riscas azuis, e fiz uma pesquisa por toda a área do colchão. Nada. Nem sequer um vestígio da minha querida peúga. 

Cor-de-rosa choque e felpuda, calçá-la é como calçar uma nuvem. Fofinha que nem algodão. E ainda por cima estava a prender a ponta das minhas calças de pijama brancas às bolinhas rosa. Tudo estava confortavelmente composto em harmonia e a condizer. Mas algum acontecimento misterioso durante a escura e longa noite a roubou. Que seria feito dela?

Acendi o candeeiro da mesa de cabeceira. Tinha de conseguir encontrá-la ou a corrente fria que passava na lateral da cama atacar-me-ia mal pusesse o pézinho cá fora. Mais uma busca intensiva, mais um levantar de lençóis e endredom, mais um grandessíssimo NADA. 

Encarnei o Inspetor Gadget (tereretetete, terereretete) e procurei no chão do lado esquerdo. Podia a fofinha ter caído. Nada. Procurei do lado direito encostado à parede. À primeira vista nada. Dobrei-me para averiguar melhor e... lá estava ela. Entre a colcha e a parede. Assustada, perdida, desorientada. Salvei-a e voltei a envolver o meu pé em algodão doce. 


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